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quinta-feira, 18 de março de 2010

convite para exposição

Gostaria de convidá-los para a abertura da exposição "Pensamento Humanista de Chico Xavier" que será na Camara Municipal as 14 horas, amanha - quinta feira. A exposição é de trabalhos tridimensionais feitos por artistas-professores de Uberaba e região e ficará durante todo o mês de abril na Camara. O horário para visitação é das 12 as 18 horas.

Abraços

Elisa

Tendencias Pedagógicas na Educação em Arte - parte 2

A "Pedagogia Nova" e as aulas de Arte

A "Pedagogia Nova", também conhecida por Movimento da Escola Nova, tem suas origens na Europa e Esta~os Unidos (século XIX),sendo que no Brasil vai surgir a partir de... 1930) e ser disseminada a partir dos anos 50/60 com as escolas experimentais. Sua ênfase é a expressão, como um dado subjetivo. e individual em todas as atividades, que passam dos aspectos intelectuais para os afetivos. A preocupação com o método, com o aluno, seus interesses, sua espontaneidade e o processo do trabalho caracterizam uma pedagogia essencialmente experimental, fundamentada na Psicologia e na Biologia.
Diferentes autores vêm marcando os trabalhos dos professores de Arte, no século XX, no Brasil, firmando a tendência da "Pedagogia Nova", Entre eles destacam-se John Dewey (a partir de 19(0) e Viktor Lowenfeld (a partir de 1939), dos Estados Unidos, e Herbert Read (a partir de 1943), da Inglaterra, Com a publicação de seu livro Educação pela Arte (traduzido em vários países), Read contribuiu para a formação de um dos movimentos mais significativos do ensino artístico. Influenciado por esse movimento no Brasil, Augusto Rodrigues liderou a criação de uma "Escolinha de Arte", no Rio de Janeiro (em 1948), estruturada nos moldes e princípios da "Educação Através da Arte":

Estava muito preocupado em liberar a criança através do desenho. da pintura. Comecei a ver que o problema não era esse, era um problema muito maior. era ver a criança no seu aspecto global, a criança e a relação professor-aluno, a observação do comportamento delas. o estímulo e os meios para que elas pudessem, através das atividades, terem um comportamento mais criativo. mais harmonioso.
As crianças vinham cada vez mais, e as idades eram as mais diferentes. Felizmente, tínhamos duas coisas muito positivas para um começo de experiência no campo de educação, através de uma escola.A experiência era feita em campo aberto, e a diferença de idades também foi outra coisa fundamental para que eu pudesse entender, um pouco, o problema da criança e o da educação através da, arte. Deveríamos ter um comportamento aberto, livre com a criança; uma relação em que a comunicação existisse através do fazer e não do que pudéssemos dar como tarefa ou ensinamento, mas através do fazer e do reconhecimento da importância do que era feito pela criança e da observação do que ela produzia. De estimulá-la a trabalhar sobre ela mesma, sobre o resultado último, desviando-a, portanto, da competição e desmontando a idéia de 2 que ali estavam para ser artistas (Dimento de Augusto Rodrigues, 1980, p.34.
As palavras de Augusto Rodrigues podem sintetizar as idéias da Escola Nova, que via o aluno como ser criativo, a quem se devia oferecer todas as condições possíveis de axpressão artística, supondo-se que, assim, ao "aprender fazendo". saberiam fazê-lo. também, cooperativamente, na sociedade.

Do livro
"Metodologia do Ensino de Arte" . Maria Heloísa Ferraz e Maria F. de Resendi e Fusari. Cortez,1993

video olho de Deus

quinta-feira, 11 de março de 2010

TENDENCIAS PEDAGOGICAS EM ARTE - parte 1

Do livro
"Metodologia do Ensino de Arte" .
De Maria Heloísa Ferraz e Maria F. de Resendi e Fusari. Cortez,1993


A preocupação com a educação em arte tem mobilizado pesquisadores, professores, estetas e artistas, os quais vêm procurando fundamentar e intervir nessas práticas educativas. No Brasil, desde o final dos anos 80 têm-se divulgado inúmeros trabalhos desta ordem, tanto aqueles elaborados aqui quanto os de outros países.
A História que estamos considerando, portanto, é aquela que está sendo desenvolvida por professores e alunos em suas práticas e teorias pedagógicas. E, observando a história do ensino artístico, percebemos o quanto nossas ações também estão demarcadas pelas concepções de cada época. Para este estudo apresentaremos uma síntese das tendências pedagógicas mais influentes no ensino de arte e sua relação com a vida dos brasileiros.

Tendências Pedagógicas na Educação em Arte

Com a criação da Academia Imperial de Belas artes no Rio de Janeiro, em 1816, tivemos entre nós a instalação oficial do ensino artístico, seguindo os modelos similares europeus; nessa época, a maior parte das academias de arte da Europa procurava atender à demanda de preparação e habilidades técnicas e gráficas, consideradas fundamentais à expansão industrial. Aqui, como na Europa, o desenho era considerado a base de todas as artes tornando-se matéria obrigatória nos anos iniciais de estudo da Academia Imperial. No ensino primário o desenho tinha por objetivo desenvolver também essas habilidades técnicas e o domínio da racionalidade. Nas famílias mais. abastas as meninas permaneciam em suas casas, onde eram preparadas com aulas de música e bordado, entre outras.

A "Pedagogia Tradicional" e as aulas de Arte


Nas primeiras décadas do século XX o ensino de arte, no caso, desenho, continuou a apresentar-se com este sentido utilitário de preparação técnica para o trabalho. Na prática, o ensino de desenho nas escolas primárias e secundárias fazia analogias com o trabalho, valorizando o traço, o contorno e a repetição de modelos que vinham geralmente de fora do país; o desenho de ornatos, a cópia e o desenho geométrico visavam à preparação do estudante para a vida profissional- e para as atividades que se desenvolviam tanto em fábricas quanto em serviços artesanais
.
Os programas de desenho do natural, desenho decorativo e. desenho geométrico eram centrados nas representações convencionais de imagens;. os conteúdos eram bem discriminados, abrangendo noções de proporção, perspectiva, construções geométricas; composição, esquemas de luz e sombra. Nas Escolas Normais os cursos de desenho incluíam ainda o "desenho pedagógico", onde os alunos aprendiam esquemas de construções gráficas para "ilustrar" aulas".

Do ponto de vista metodológico, os professores, seguindo essa "pedagogia tradicional" (que permanece até hoje), encaminhavam os conteúdos através de atividades que seriam fixadas pela repetição. e tinham por finalidade exercitar a vista, a mão, a inteligência, a memorização, o gosto e o senso moral. O ensino tradicional está interessado principalmente no produto do trabalho escolar e a relação professor e aluno mostra-se bem mais autoritária. Além disso, os conteúdos são considerados verdades absolutas.
A partir dos anos 50, além do Desenho, passaram a fazer parte do currículo escolar as matérias Música, Canto Orfeônico e Trabalhos Manuais, que mantinham de alguma forma o caráter e a metodologia do ensino artístico anterior. Ainda nesse momento, o ensino e a aprendizagem de arte concentram-se apenas na "transmissão" de conteúdo reprodutivistas. desvinculando-se da realidade social e das diferenças - individuais. O conhecimento continua centrado no professor, que procura desenvolver em seus alunos também habilidades" manuais e hábitos de precisão, organização e limpeza.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Para que serve a arte na educação

Assistam ao video e façam comentários.

Ana Mae Barbosa

Para que serve a arte na educação

CURSO: PEDAGOGIA
DISCIPLINA: FUNDAMENTOS E METODOLOGIAS DA ARTE E CULTURA
PROFESSORA: Elisa Muniz Barretto de Carvalho


PARA QUE SERVE A ARTE NA EDUCAÇÃO?

Ana Mae Barbosa
(adaptado)

• Para possibilitar o acesso à Cultura e para tornar as pessoas mais inteligentes.

Vejamos a primeira afirmação. Em um país como o Brasil onde a arte é pouco divulgada (com exceção da música popular e do cinema) de que forma um cidadão pode desfrutar de seu direito de acesso à cultura? Não só é pouco divulgada como, em geral, quando é divulgada isso é feito em linguagem hermética. A internet tem democratizado o acesso a museus e exposições e tem dado visibilidade a trabalhos de muitos artistas, mas ainda não confere reconhecimento ao artista.
O que já tem sido feito para melhorar o acesso à arte para a grande massa? E o que ainda pode ser feito? Nos últimos anos, os museus, centros culturais e mega-exposições têm se preocupado em criar departamentos educacionais, contratando educadores para facilitar a mediação entre Arte e Público. A qualidade é variável e o empenho também. Muitas vezes, o educativo existe na
instituição para trazer público, para inflar a estatística, para mostrar ao patrocinador que numerosas pessoas viram à exposição. Em geral, reside aí o empenho em trazer levas de escolares às Bienais de Arte e do Livro. Outras instituições realmente se interessam em dar acesso à Arte a todas as classes sociais.
Quando dirigi o MAC/USP fui criticada por dar ênfase ao educativo quando só o Museu Lasar Segall e o próprio MAC investiam na Arte/Educação. O trabalho foi tão frutífero que operou uma transformação no ensino da Arte nas escolas de todo o Brasil e trouxe a imagem da Arte para a sala de aula. A ampliação do educativo das instituições de Arte, a pesquisa para verificar os resultados da ação, a análise e sistematização a partir de publicações são iniciativas que ajudariam na descoberta de outras possibilidades. Principalmente, nos ajudariam a analisar que tipo de mediação praticamos nos muitos museus do Brasil, e com que conceitos de cultura estamos operando. Queremos convencer que os valores da burguesia são verdades imutáveis ou queremos que cada pessoa, independente do grupo cultural a que pertence, seja capaz de formular valores estéticos? Somos convencionais, populistas, messiânicos ou construtores de significados?
Um país só pode ser considerado culturalmente desenvolvido se tiver uma produção de alta qualidade e uma compreensão desta produção também de alta qualidade. No Brasil, precisamos democratizar a compreensão da Arte e da Cultura. E isto vai acontecer pela educação.

Resta-me agora argumentar que a Arte torna a pessoa mais inteligente. Para isto recorrerei à consistente metapesquisa de James Catterrall . O pesquisador da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, examinou mais de 60 pesquisas acerca da contribuição das Artes para a educação de crianças de cinco anos até a adolescência. O maior número de estudos se refere à contribuição da música, seguido pelo teatro. Foi no campo de investigações sobre o raciocínio espacial que Catterrall encontrou quase 300 estudos científicos nos quais podemos nos basear para defender a idéia de que as Artes Visuais desenvolvem o raciocínio espacial e, a partir dele, também desenvolvem habilidades específicas para ler, escrever e falar a linguagem verbal.
A grande ênfase na importância do ensino das artes para o desenvolvimento dos processos de cognição - não só em Arte mas em todas as áreas de conhecimento - se deve aos resultados de uma pesquisa norte-americana que mostrou que, por uma década, os alunos que obtiveram os dez primeiros lugares nos exames equivalentes ao ENEM no Brasil haviam cursado pelo menos duas disciplinas de Arte. Enquanto nos Estados Unidos, os alunos do ensino médio escolhem as disciplinas que vão cursar, no Brasil não há liberdade de escolha e o currículo parece prescrição médica. Portanto, nem se poderia fazer uma pesquisa destas por aqui. A pesquisa americana despertou o interesse dos pesquisadores em demonstrar as possibilidades de transferência de aprendizagem, quando a Arte é aprendida mobilizando-se processos cognitivos, da imaginação ao planejamento.
A pesquisa Artes Visuais: da exposição à sala de aula comprova que os professores que buscam os museus e centro culturais como laboratórios de pesquisa visual para seus alunos o fazem sabendo da importância da Arte para o desenvolvimento dos processos cognitivos em geral. Foi esta convicção que os levou a conseguir adesão dos colegas de história, português, matemática, informática para trabalhar interdisciplinarmente a partir das Artes Visuais. Eles reafirmaram a eficiência da Arte para desenvolver formas sutis de pensar, diferenciar, comparar, generalizar, interpretar, conceber possibilidades, construir, formular hipóteses e decifrar metáforas.
Rudolf Arnheim foi um dos expoentes da idéia de Arte para o desenvolvimento da Cognição. Sua concepção se baseia na equivalência configuracional entre percepção e cognição. Para ele perceber é conhecer. A Arte depende de julgamento e obriga a poucas regras que precisam ser conhecidas antes de se ousar desafiá-las. Estas regras são para Arnheim a gramática visual subjacente a todas as operações envolvidas na cognição como recepção, estocagem e processamento de informação, percepção sensorial, memória, pensamento, aprendizagem, etc. A princípio, se trabalhava a percepção desta gramática visual só a partir da percepção do mundo fenomênico. Cognição é o processo pelo qual o organismo se torna consciente de seu meio ambiente. A Educação promovida pelas ONGs democráticas, de gestão comunitária, nos alertam acerca da importância da arte para a tolerância à ambigüidade e a exploração de múltiplos sentidos e significações. Esta dubiedade da Arte a torna valiosa na Educação. Arte não tem certo e errado. Tem o mais ou o menos adequado, o mais ou o menos significativo, o mais ou o menos inventivo. Nós todos que trabalhamos com Arte seriamos menos inteligentes se estivéssemos longe Dela.