CURSO: PEDAGOGIA
DISCIPLINA: FUNDAMENTOS E METODOLOGIAS DA ARTE E CULTURA
PROFESSORA: Elisa Muniz Barretto de Carvalho
TEXTO
ARTE: A LÍNGUA DO MUNDO
Quando falamos em linguagem, logo nos vem à mente a fala e a escrita. Estamos tão condicionados a pensar que a linguagem é tão somente a linguagem verbal, oral ou escrita e do mesmo modo, que ela é a única forma que usamos para saber, compreender, interpretar e produzir conhecimento no mundo, que fechamos nossos sentidos para outras formas de linguagem que, de modo não-verbal, também expressam, comunicam e produzem conhecimento.
O que é então linguagem? Pode-se dizer que toda linguagem é um sistema de signos.
Somos rodeados por ruidosas linguagens verbais e não verbais - sistema de signos - que servem de meio de expressão e comunicação entre nós, humanos, e podem ser percebidas por diversos órgãos dos sentidos, o que nos permite identificar e diferenciar, por exemplo, a linguagem oral (a fala), uma linguagem gráfica (a escrita, um gráfico), uma linguagem tátil (o sistema de escrita braile, um beijo), uma linguagem auditiva (o apito do guarda) uma linguagem olfativa (um aroma de comida), uma linguagem gustativa (o gosto apimentado) ou as linguagens artísticas. Delas fazem parte a linguagem cênica (o teatro, a dança) a linguagem musical (a música, o canto) a linguagem visual (o desenho, a pintura, a escultura, o cinema...) entre outras.
Nossa penetração na realidade, portanto é sempre mediada por linguagens, por sistemas simbólicos. O mundo, por sua vez, tem o significado que construímos para ele. Uma construção que se realiza pela representação de objetos, idéias e conceitos que, por meio dos diferentes sistemas simbólicos, diferentes linguagens, a nossa consciência produz.
Quando nos damos conta disso, vemos que a linguagem é a forma essencial da nossa experiência no mundo e, conseqüentemente, reflete nosso modo de estar-no-mundo. Por isso é que toda linguagem é um sistema de representação pelo qual olhamos, agimos e nos tornamos conscientes da realidade.
Não é de estranhar que, em nosso encontro com o mundo, aprendemos a manejá-lo pela leitura e produção de linguagens, o que é ao mesmo tempo, leitura e produção de sistema de signos.
O que seria exatamente um signo? É como um colorido fio que usamos no urdimento de uma linguagem.
A palavra carro, o esquema de um carro, a fotografia de um carro, a escultura de um carro, são todos signos do objeto carro. Signo é alguma coisa que representa uma outra coisa: seu objeto (idéia ou coisa) para alguém sob algum aspecto ou qualidade. Tanto a palavra quanto do desenho ou o esquema, a fotografia ou a escultura de um carro não são o próprio carro. São signos dele, um representante. Cada um deles, de certo modo, representa a realidade carro.
Para que o signo seja utilizado/manejado por nós como signo de algo, ele tem de ter esse poder de representar, ou seja, estar no lugar do objeto, para torná-lo presente a nós através da presença. Como signo representa seu objeto para alguém, representa para um interprete.
Mas um signo só é a representação de algo para nós se conhecermos o objeto do signo, isto é, aquilo que é representado pelo signo. Se um signo - objeto não faz parte das referências pessoais e culturais do interprete, não há possibilidade de o signo ser aplicado, de denotar o objeto para o interprete.
O universo está cheio de signos – entre os quais o homem também se faz signo, suas idéias são signos. Em nossas vidas é como se fossemos tecelões aprendendo a manejar e produzir nosso tear de linguagens. A arte é uma forma de criação de linguagens – a linguagem visual, a linguagem musical, a linguagem cênica, a linguagem da dança e a linguagem cinematográfica entre outras. Toda linguagem artística é um modo singular do homem refletir o seu modo de estar no mundo. A linguagem da arte propõe um dialogo de sensibilidades, uma conversa prazerosa entre nós e as formas de imaginação e formas de sentimento.
Adaptado do livro:
MARTINS, Miriam Celeste. A língua do mundo: poetizar, fruir e conhecer arte. São Paulo: FTD Editora, 1998.
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